Psicólogo português em Gaza: "Hoje vão morrer mais crianças, amanhã vão morrer mais e depois mais"

O relato é do psicólogo português que está na Faixa de Gaza com os Médicos Sem Fronteiras, Raúl Manarte. "É desesperante", "não há nenhum lugar seguro".

RTP /

Foto: Anadolu via Reuters Connect

O território palestiniano é agora uma “pequena faixa de terra” que diminui cada vez mais “por causa das ordens de evacuação” e, neste momento, representa “15 por cento do território”. 

“Nem sequer esses 15 por cento são seguros”, afirma Raúl Manarte “porque há bombardeamentos dentro dessa área”.

Não há acesso a água, comida, cuidados médicos suficientes. “Portanto, as pessoas para além de morrerem por causa dos ataques, também estão a morrer de má nutrição”.

Entrevistado na RTP3, o português responde com um categórico “sim” quando questionado se as pessoas estão a morrer de fome.

E depois contabiliza as grávidas e as crianças com menos de cinco anos que, hoje em Gaza, estão a sofrer de “má nutrição moderada a severa”.

“Só aqui em Gaza city onde eu estou, temos 370 crianças com menos de cinco anos e 560 grávidas” que sofrem de “má nutrição moderada a severa”.

"Temos 4 mil crianças que têm que ser evacuadas daqui para fora", "se isso não acontecer vão morrer".

“Todos os dias temos feridos, todos os dias temos mortos em massa a chegarem aos hospitais” vítimas da distribuição de comida pela Fundação Humanitária de Gaza.

A distribuição de comida por para-quedas “que alguns países europeus estão a fazer também está a ferir pessoas” e até provocou “a morte de uma enfermeira”.

“É difícil ter adjetivos” para descrever o que se passa na Faixa de Gaza, reconhece Raúl Manarte, psicólogo integrado numa missão dos Médicos Sem Fronteiras.
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